Cupinchas!

Compartilho esta exploração realizada em junho de 2012 à uma clínica abandonada no Japão e a interessante imagem de um jornal antigo que fala de uma terra nova...

Segue adaptação:
"A clínica H foi inaugurada no final do período Taishou (1912-1926).
O pouco que se sabe do fundador da clínica, é que ele era um médico do exército que havia participado de expedições à China.
O segundo andar da clínica possui muitas fotos relacionadas com o seu trabalho nos tempos em que servia o exército e também, retratos do seu pelotão e de sua família.
Em um canto de uma zona rural em algum lugar do Japão, se encontra um discreto prédio com paredes de tábuas desgastadas.
As condições do interior da clínica estão como se deveria esperar de um lugar abandonado, com o piso cedendo e muita deterioração, apesar de que o lugar esteve em atividade até o recente ano de 2007. Atualmente, o lugar parece que está sendo cuidado por alguém, já que na segunda vez que visitei a construção, o mato que estava tomando conta da propriedade havia sido devidamente roçado.
À primeira vista, a construção parece apenas uma casa abandonada, mas logo na entrada, há um pequeno letreiro indicando que o lugar é uma clínica.
Nos fundos.
Este lugar é uma ruína, apesar de aparentemente não estar definitivamente abandonado, por isso, o cuidado nesta exploração deve ser redobrado.
Após entrar na construção, dou com a saleta de chão batido (onde se deixa os calçados) que está em frente da cozinha e ao lado está o quarto de banhos e subindo um degrau a partir da saleta de terra, encontro a sala de estar da imagem abaixo.
O lugar está completamente escuro e a maioria das fotos tomadas ficaram pretas.
Ainda, o antigo dono se tornou adepto ardente de uma certa religião e na sala ao lado desta sala de estar, há um altar com diversas fotos das suas atividades como presidente da organização religiosa, vários certificados e prêmios.
A montanha de objetos relacionados com essa religião, dão a esse local da casa, um aspecto estranho e sinistro.
Avançando por um corredor escuro, me dirijo à área da clínica.
No caminho encontro uma sala conhecida como 'a sala do espelho'.
O estranho desenho passa um ar de motivação.
No final do corredor há um depósito de remédios.
Há vários remédios antigos abandonados.
Remédios antipiréticos (Contra a febre), remédios gastrointestinais e vários outros.
O remédio Totumitt que desconheço os detalhes, o sonífero Barbital (Conhecido no Brasil como Veronal. NDT.rusmea.com) que o escritor Ryuunosuke Akutagawa usou para se suicidar, cloridrato de quinina e outros remédios potentes, jazem na prateleira.
Pó de folha cardiotônica digitalis.
Devido aos fortes efeitos colaterais, a droga quase não é mais utilizada hoje em dia.
Aspirina, complexos vitamínicos, drágeas de acrinol, salicilato de fenila (Acrinol - Conhecido pelo nome comercial de Rivanol. Salicilato de fenila - Ácido acetilsalicílico o mesmo da aspirina. NDT. rusmea.com) A empresa que produziu esses medicamentos é conhecida hoje em dia como Indústria Farmacêutica Takeda, chamada naquele tempo de Loja Chobee Takeda.
Como o nome da empresa foi alterado em 1943 (Showa ano 18), significa que esses medicamentos são de 70 anos atrás.
As janelas da recepção logo na entrada da clínica. (À esquerda está escrito "Entrada" com letras vermelhas e à direita, "Sala de medicamentos". NDT. rusmea.com)
E aqui está a maior atração desta clínica: O espaço de entrada da clínica possui 6 paredes, com a forma de um hexágono.
Totalmente interligado, o modo de construção chega a ser um desperdício, no entanto, o design é formidável.
A silhueta dos vidros de remédios.
Uma antiga valise para visitas de cabeceira.
Saindo da sala hexagonal, eu vou para a sala de atendimento de emergência e consultório médico.
O interior estava sendo utilizado como depósito e não há muito para explorar.
Como podem ver na imagem, o modelo de construção não segue um padrão.
Mas naquele tempo, as salas de atendimento de emergência e o consultório médico, geralmente eram separados por uma partição.
Recipientes enfileirados.
Um retrato de um cirurgia na cabeça de um paciente.
Isto seria um porta-câmera? Ou uma luminária utilizada em cirurgias?
Me dirigi a sala de manipulação de remédios.
O espaço é pequeno.
Há relatórios e envelopes para remédios.
O local para higienização das mãos.
Potes para remédios e conchas caídas.
Até os anos de 1955 a concha do molusco (Conhecido no Japão como Hamaguri - Meretrix lusoria. NDT. rusmea.com) era utilizada como recipiente comercial de pomada de mercúrio e de uma pomada para calos.**
**(A pomada para calos que o explorador se refere se chama "Tako no Suidashi", cuja matéria prima é a planta Farfugium japonicum e é comercializada ainda hoje em dia, ainda que não mais usando as chiquérrimas conchas como embalagem. Veja imagem abaixo. NDT. rusmea.com)
Isto seria Sulfato de cobre?
(Say my name!




Pelos medicamentos antigos e pelas circunstâncias, parece que o lugar deixou de atender como clínica, apenas alguns anos após a sua inauguração...
O filho mais velho do fundador (Nascido no período Taishou 1912-1926) também seguiu o caminho da medicina, mas não herdou a clínica como geralmente acontece, mas sim, inaugurou e manteve uma maternidade em outro lugar.
Após dar uma boa olhada, segui para o segundo andar.
Após subir a escada, à esquerda está este quarto.
Este é o quarto que está ao lado. Como não há nada, apenas passo por ele e me dirijo ao que está no fundo e esse sim, condensa a história do lugar.
No piso, há várias revistas de informes de exames de aptidão e livros didáticos espalhados.
Pela data das edições, suponho que tenham sido do filho mais velho do dono desta clínica.
Uma prateleira com teias de aranha. À esquerda desta prateleira, há um armário com um monte de álbuns com fotos da clínica, tomadas durante mais de 50 anos.
O que primeiramente me atrai é este aqui.
Uma brochura com os retratos do tempo em que o médico servia o exército na China.**
**(Título do álbum: "Lembrança do front da Segunda Guerra Sino-japonesa (1937-1945)".
As duas primeiras letras da esquerda para à direita (支那) formam o termo em japonês, para designar a China no passado e pronúncia-se "Shina". A palavra já não é mais vista sendo utilizada formalmente, mas em discussões em fóruns e comentários pela web Japan, se nota que o termo ainda é extensamente utilizado com conotações pejorativas. NDT. rusmea.com)
O álbum, possui retratos de soldados reunidos, rotas militares, alojamentos, detalhes de prédios e diversas notas de rodapé, que mostra como era a vida naquele tempo e lugar.
Para mim, esta edição é de um valor incalculável.
Recordação da guerra santa.
Ao que parece, estes são retratos da aprovação em um curso preparatório.
Nesta foto, aparece o doutor H, fundador da clínica.
Hoje em dia ele seria alguém muito bonito.
Há inúmeras fotos que mostram como eram os estudos médicos naquele tempo.
Foto de uma cirurgia.
Uma outra foto da cirurgia sendo feita na cabeça de um paciente.
O Doutor H aparece na foto de cima e na de baixo, eu fiquei inicialmente surpreso ao pensar que a cabeça do paciente havia sido aberta, mas olhando bem, o efeito foi causado pela vibração na câmera.
Acredito que isto pertencia ao filho do fundador e se trata de uma lembrança de graduação da Universidade Nihon. Após se formar, ele foi estudar em outra escola.
Entre os álbuns, há cartas escritas em grupo, de associações de imigrantes no estrangeiro.
Um grande número de japoneses, fisgados por belas promessas e palavras adocicadas**, sofreram horrores com trabalho duro em ambientes inóspitos de terras distantes..."
**(No alto do jornal: "Possuindo um país! Matéria especial sobre a terra nova - Um chamado aos jovens".
À direita do jornal, em letras grandes: "As pessoas naquele país possuem um grande cofre do tesouro - Brasil, o gigante da América do Sul - Surgem pessoas bem sucedidas em vários lugares [do país]".
Mais ao centro: "'Navegadores' prosperam de vento em popa - As realizações douradas dos que foram na frente".
Mais para baixo: "As atividades das pessoas no país Brasil". NDT. rusmea.com)
Uau!


As 100 ruínas do rusmea.com^^
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2 comentários:
É triste ver as ruínas de um lugar que serviu bem e salvou muitas vidas. Mas, ao mesmo tempo, muito interessante.
De fato...
Esses lugares abandonados dão muita pena...
Muitos deles, com um trato, dariam para serem reaproveitados...
Abrax
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