"Em uma gigantesca piscina cheia de formol no subsolo do Hospital Universitário, cadáveres flutuavam ao som quase inaudível de ondas mortas...
Ali era o depósito de corpos utilizados em anatomia, no qual, eram afundados em líquido conservante e como naturalmente os corpos vinham para a superfície, era preciso afundá-los com uma vara, uma e outra vez...
Lentamente os cadáveres flutuavam e o solitário encarregado em afundá-los precisava observá-los todo o tempo, apesar da terrível carga psicológica envolvida e na loucura desse trabalho, havia a doce promessa de um salário absurdamente alto..."
Trechos adaptados do livro: Shisha no ogori
Do autor: Kenzaburou Oe
Cupinchas!

No Japão existe uma famosa lenda urbana de um trabalho temporário (Arubaito) de lavar defuntos por um salário incrível, que praticamente todos os que estiveram por lá a trabalho, conhecem uma ou outra versão.
Investigando, para saber a veracidade da lenda, ainda que remota, heis que o resultado não podia ser mais interessante.
(No Japão, o "Arubaito" (Arbeit, trabalho em Alemão) faz parte da cultura há bastante tempo e se trata de um trabalho informal e temporário.NDT)
Segue:
Contestando esse mito, a resposta é não e sim...
Tudo começou há 50 anos, na publicação do livro fictício "Shisha no ogori", que segundo a fonte, tal livro não surgiu apenas da imaginação do autor, pois naquela época, já havia um rumor de um tal trabalho de lavar defuntos, em que o autor se baseou no boato para tecer a narrativa de um rapaz que não resiste ao salário exorbitante para fazer a manutenção e conservação de cadáveres nos porões de uma Universidade.
O conto muito original, acabou por definir o formato das várias lendas que perduram até hoje no Japão.
(Há uma variação de um suposto emprego de cremador, no qual o funcionário precisaria cortar o cadáver ao meio para caber no forno antigo. O ponto alto desta variação da lenda, é quando o cremador precisa cortar uma criança ao meio...Este que vos escreve, rusmea.com, ouviu essa versão no estado de Kanagawa.)
Os detalhes sórdidos da lenda urbana, envolveriam cadáveres de acidentados, no qual, segundo uma ou outra versão, além de ter que lavá-lo, seria preciso reestruturar o morto costurando os pedaços. Haveria também aqueles encontrados após um longo tempo de abandono...Ou seja, tudo para tornar o suposto serviço ainda mais desencorajador...
Outra variação, conta sobre a limpeza de corpos de soldados Americanos mortos na guerra do Vietnã, à 10 mil Ienes por corpo (aprox. 200 Reais), sendo apontada também como uma das origens da lenda e ainda, uma outra versão fala das morgues das bases Americanas no Japão, que contratariam funcionários temporários para carregar, limpar, conservar enfim, preparar algum soldado Americano morto antes de ser transladado aos Estados Unidos. Aparentemente, esta é a mais furada das versões...
Segundo fontes, os que pesquisaram a existência real de tal "bico", ligaram para vários lugares, muitas universidades Japonesas e quaisquer agências e órgãos relacionados a cadáveres e a resposta é sempre a mesma: "Não contratamos funcionários temporários para esse tipo de serviço!"
Incrível que a lenda tem até uma entrada na Wikipédia, que explica que ficar cutucando nos defuntos com uma vara numa piscina, se trata de uma lenda urbana, mas com base em alguma verdades.
Para o estudo de anatomia em universidades, é preciso um exame rígido de qualificação devido a uma lei que regulamenta a dissecação e conservação de corpos e a lei sobre a doação de corpos para estudos na medicina e odontologia.
Ainda, o formol é tóxico e uma piscina cheia do líquido não poderia existir.
No entanto, na área de conservação de cadáveres não há uma regulamentação para funcionários, no qual, a manipulação de tais corpos por pessoas comuns não infringe as leis.
Existem empresas tradicionais que preparam o corpo para o funeral, no qual, as vezes é preciso mergulhá-lo em um processo de limpeza chamado de Yukan, e o preparo do morto com a utilização de conservantes (Embalsamento) e maquiagem.
"Algumas poucas empresas contratam funcionários temporários e nesses casos o empregado precisa tocar nos corpos, mas sem a necessidade de uma autorização específica.
Tais 'bicos' chegam a pagar de 10 mil a 20 mil Ienes a hora (Aprox. 200 a 400 Reais. NDT), porém, em algumas regiões, o empregador impede o funcionário de tocar no cadáver devido a ser um ato profano, deixando para as mulheres da família do póstumo esse trabalho e ficando com a função da cerimônia, caixão, cremação, etc. (Existe no Japão o pensamento de que tocar em um morto é um ato de profanação, assim que a limpeza e maquiagem post mortem, é designado às mulheres e aos homens de serviços funerários. NDT)
Dependendo da região o grau de prestação de serviço e os valores variam bastante, indo do transporte, banho no defunto, passando pela vestimenta e maquiagem final, isso tudo sem nenhum adicional.
Logo, não seria um 'bico' com um salário tão vultoso assim."
Apesar de muitas funerárias serem mantidas por tradição familiar, a contratação de agentes funerários fixos existe, mas é difícil de se encontrar alguma publicação em classificados anunciando o mesmo, Segundo a fonte desta informação. O valor inicial como aprendiz de agente funerário seria de míseros 200 mil Ienes (aprox. 4000 Reais), mas com certeza os valores devem sofrer variações conforme a região e demanda.
O filme Japonês Okuribito (A partida no Brasil), ganhador de melhor filme estrangeiro de 2009, (recomendadíssimo )retrata a história de um músico que se torna um Noukanshi, um agente funerário que prepara os mortos antes da cremação e que se assusta com o salário inicial de 500 mil Ienes por mês(Aprox. 10 mil Reais). Esse serviço fixo de agente funerário existe e paga muito bem, apesar de como no filme, as pessoas envolvidas nesse tipo de trabalho serem alvos de discriminação.
Concluindo...
Realmente, o trabalho temporário praticamente não existe, já o trabalho fixo sim, ainda que com a divulgação e contratação um tanto restrita e para os Japoneses o valor do salário não é tão bom, já que para eles, o dinheiro não pagaria os danos psicológicos oriundos de um trabalho desses...
Vaaaai pra luz!!


Abrax
Os emoticons espalhados pelo blog são sonoros, clique neles mas cuidado com o volume!
Lista de todos os Smyles sonoros AQUI
12 comentários:
Nem que a grana fosse muito boa mesmo eu não me botaria a trabalhar nisso...sou muito cagado...rsrsrsr
Se eu soubesse que NÃO era uma lenda eu me atracava de boa!^^
Eu era um mercenário no tempo que estive lá^^
kkkkkkk
Abrax^^
eu encararia o trampo sim mas trabalharia com a cara cheia de velho barreiro todo dia ...
Cachaceiro!^^
kkkkkkkkkkkkkk^^
Abrax^^
200 mil ienes é pouco para o padrão de vida japonês? levando em consideração uma pessoa morando sozinha?
Eu trabalharia de boa, na maioria dos acidentes de transito um bombeiro tem que socorrer o sujeito ainda vivo gemendo, gritando e todo despedaçado, deve ser bem pior pro psicológico que lidar apenas com o defunto em si.
Procede Crom^^
Socorrer é um trabalho maravilhoso visto por nós que estamos de fora...
Para quem está dentro, imagino que seja divino, por conhecer todas a piores misérias dos acidentes e ter nervos de aço para socorrer e salvar^^
200 mil Ienes é o mesmo que 2 mil dólares...
Nem de longe é um excelente salário, mas tampouco é um dos piores...
E sim, dá para pagar o Ap, comer bem, beber com moderação, e poupar um pouquinho...
Mas só para lembrar que o emprego de "lavar defuntos" é praticamente uma lenda, restando apenas as funerárias tradicionais que em casos muito raros, contratam novos funcionários (que o aprendizado é o pior que se possa imaginar!¬¬)
Uma dica de emprego ideal, já que o arubaito ou emprego temporário não é seguro, é buscar trabalho através de empreiteiras Brasileiras no Japão.
Salvo quando se fala fluente o idioma, aí se pode ir direto na empresa dos seus sonhos e tentar uma vaga^^
Abrax^^
Noite Sinistra, cagada sou eu que não consegui ficar mais que 5 minutos no seu site que já me deu siricuticos! (travei nas imagens da Deep Web) o.O
Noite Sinistra, cagada sou eu que não consegui ficar mais que 5 minutos no seu site que já me deu siricuticos! (travei nas imagens da Deep Web) o.O
Boa noite amigos.
Sou Agente Funerário e digo que é uma profissão maravilhosa, e acima de tudo refletiva.
Para voce que acha que nada está bom,tudo é péssimo ou não da valor para as coisas da vida,essa profissão é a correta pra voce,pois aprendemos a dar valor a cada detalhe que seria pra muitos insignificantes, e o mais importante ainda,valorizar mais ainda família e amigos, pois quando estiver no caixão já é tarde para dispersar lágrimas.
Recomendo o filme 'A Partida', é um filme que fala um pouco dessa nossa profissão maravilhosa que temos.
Infelizmente o preconceito ainda é grande, mas nos dias de hoje as pessoas tem mais curiosidades do que preconceito,essas dúvidas que todas pessoas que tem e me perguntam, eu tiro numa boa com palavras de conforto a quem já perdeu um enquequerido ou tem alguém doente próximo a partida.
Quando o agente funerário trabalha não pelo salário, e sim com carinho, a família de quem faleceu percebe a carisma.
Para quem aqui trabalha no ramo, meus cumprimentos, e quem tem dúvidas, pode perguntar por e-mail que 'batemos um bom papo' á respeito.
Boa noite a todos.
cezinhaipanema@hotmail.com
Ia terminar caíndo na piscina,putz! Kkkkk
Concordo com, vc amigo Cesinha.na verdade é uma, profissão, que trás,caráter, a quem trabalha nela, passa, a dar valor ao próximo.
Acho essa profissao bonita,tinha que ser mais valorizada.Eu ja arrumei esse emprego mas nao fui pois quando me chamaram eu estava trabalhando em um mercado,eu sou tecnica de enfermagem e vou fazer curso de auxiliar de autopsia.
Postar um comentário