Se trata do assustador "Teatro" Anatômico da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
O Excelentíssimo autor do blog Lisboa S.O.S. nos leva por um passeio através dessas salas e corredores fantásticos, lotados de aberrações, cabeças conservadas, desenhos, peças de cera e muitos ossos humanos.
O material desse sensacional blog, já apareceu aqui no post sobre o museu de cera dos capuchos no qual, o lisboasos trata de denunciar o descaso das autoridades na preservação de obras, lugares e a história que em vários casos apresentados pelo blog, estão severamente comprometidos.
"O velhinho Teatro Anatômico da Faculdade de Medicina de Lisboa vai entrar em obras profundas, para que os alunos possam voltar a dissecar cadáveres. Quem ali trabalha, não vê a hora de agitar a 'casinha dos horrores'.
Os pés, mãos, corações, cabeças, fígados, fetos de gêmeos ou trigêmeos, expostos em frascos de vidro, estão dispostos de forma mais ou menos ordenada no Teatro Anatômico.
Não como seria desejado, mas dentro do que é possível. A degradação assim obriga. Há amostras que têm que ficar amontoadas em cantos, a salvo dos buracos do teto que ameaçam rasgar-se ainda mais.
Os alunos, 'aprendizes' de médicos há muito que deixaram de dissecar cadáveres e de ter aulas no emblemático Teatro. Se as obras não forem adiadas novamente, até o final do próximo ano, o espaço voltará a palpitar de gente. Após dois concursos vazios, está para breve um acordo que permitirá o arranque da empreitada na Primavera, com um orçamento de mais de 750 mil euros.
'São obras muito especializadas, daí a dificuldade em encontrar empresas interessadas. Só têm paralelo nos institutos de medicina legal. Precisamos ter novas mesas para autópsias, ar condicionado especial, arcas frigoríficas para guardar material cadavérico, sala de preparação das peças anatômicas, um novo sistema de iluminação', explica Gonçalves Ferreira, professor e diretor do Instituto de Anatomia.
As aulas dos futuros médicos são dadas em pequenas salas e com pequenos órgãos, nem sempre humanos. 'O Teatro tem um simbolismo e um semblante histórico, mas do ponto de vista da qualidade pedagógica, as obras vão permitir a dissecação de grandes peças, a realização de cursos e de congressos', sublinha.
O responsável garante que pretende que aquele espaço funcione como um 'museu funcional', esperando ainda o regresso de muitas peças, que estão catalogadas, mas que se encontram escondidas devido à falta de condições.
A ligação de Gonçalves Ferreira ao Teatro Anatômico vem dos tempos de estudante. 'Eram turmas enormes em volta das mesas de autópsia. Os das primeiras filas ficavam sentados em bancos; os segundos, atrás, de pé, e a terceira fila, em cima de bancos, como se fosse um anfiteatro", conta o responsável. "Uma vez, uma colega da fila de trás desmaiou ao olhar o cadáver e parecia uma avalanche...', acrescenta.
Uma importante coleção de fígados (mais de 20) da época do doutoramento de Armando Santos Ferreira, ex-diretor do Santa Maria e a cabeça de Diogo Alves, o assassino do Aqueduto das Águas Livres, estão entre as relíquias que o Teatro conserva.
O espanhol foi condenado em 1841. A cabeça daquele que terá sido o último condenado à morte em Portugal ficou com os cientistas da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Queriam perceber o que levou aquela pérfida mente a cometer tantos crimes. Diogo Alves arranjou uma chave falsa do Aqueduto para ali se esconder. De noite, assaltava e atirava as vítimas de 65 metros de altura.
A cabeça encontra-se, ainda hoje, conservada num recipiente de vidro, onde uma solução de formol lhe tem perpetuado a imagem de homem com ar tranquilo - bem contrária ao que realmente foi.
Antigamente, os alunos chamavam-lhe 'Fú-Manchú', devido ao seu ar oriental.
Os cientistas nunca conseguiram explicar o que o levou a adquirir uma chave falsa do Aqueduto das Águas Livres, onde se escondia, para assaltar as pessoas que passavam, atirando-as em seguida do aqueduto, com 65m de altura.
Naquele tempo, chegou a pensar-se numa onda de suicídios inexplicáveis, e foram preciso muitas mortes - só numa família registaram-se quatro vítimas - para que se descobrisse que era tudo obra de um criminoso: Diogo Alves.
A cabeça de Diogo Alves constituiu um dos objetos mais significativos - e sem dúvida mais horroríficos - da exposição 'Passagens. Cem Peças para o Museu de Medicina', que ocorreu no Museu Nacional de Arte Antiga em 2005."
Mais imagens:
Abrax...
Os emoticons espalhados pelo blog são sonoros, clique neles mas cuidado com o volume!
Lista de todos os Smyles sonoros AQUI
Nenhum comentário:
Postar um comentário